Pequenos
O perfil de clientes usuários do Uber é bastante variado. Gente de todas as idades, origens, etnias, classes sociais, profissões e crenças. Gente que vai e vem, circulando pela cidade e deixando um pequeno fragmento de suas vidas no carro.
Crianças são um caso à parte. Entram animadas, às vezes tímidas e desconfiadas, mas sempre curiosas. Mal acabam de sentar, procuram por balas. As de hortelã já não tem mais vez. "Parece pimenta", critica um menino. Agora, só as de frutas e recheadas com chocolate.
Outro dia, levei mãe e duas filhas pequenas. Uns quatro anos de idade, gêmeas, loirinhas, olhos azuis e pele de porcelana. Lindas. "Falem boa tarde!", disse a mãe. "Oi, boa tarde. Nós somos irmãs". Sorrindo, respondi: "boa tarde. É mesmo? Que legal!".
Crianças parecem viver num mundo à parte, misturando realidade e imaginação. "Mãe, você gosta de mim?". "Eu te amo, filho", responde a mãe amorosa. E o menino, um tanto desapontado: "ah, pensei que você gostasse".
Crianças. Tem aquelas que adormecem no percurso e resmungam quando precisam sair do carro. Tem as que voltam da escola com a babá. E outras, levando um presente para a avó. Tem também as que chutam o encosto do banco do motorista e as que não param um minuto. Mas todas elas conseguem despertar bons sentimentos em mim.
Fico pensando o adulto que se tornarão. O que vão escolher estudar e trabalhar. Que sonhos vão realizar e o que farão para tornar o mundo um lugar melhor para se viver.
São pequenas no tamanho, mas grandes em seu futuro, ainda páginas em branco.
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