Voltando pra casa

Uma das funções dos aplicativos de mobilidade urbana é a possibilidade de nós, motoristas, escolhermos um destino quando estamos dirigindo. Isso permite, por exemplo, selecionarmos uma região com maior demanda de usuários ou um endereço específico, caso tenhamos um compromisso agendado. Uma vez feito isso, o aplicativo identifica chamadas de usuários em direção àquele local e, assim, evitamos circular pela cidade sem passageiros e apenas consumindo combustível.

Na Uber, atualmente, podemos ativar essa função duas vezes ao dia. Eu normalmente deixo a segunda vez livre para quando decido voltar para casa.

Outra função interessante é o aviso que aparece na tela do celular, quando há uma chamada para uma viagem longa, normalmente com mais de quarenta e cinco minutos de duração. Assim, sabemos antes de aceitar e podemos nos programar melhor.

Tecnologia é mesmo um facilitador.

Ontem à noite, um pouco depois das vinte horas, recebo uma chamada para uma viagem de longa duração, levando um casal de São Bernardo do Campo para um restaurante na Vila Madalena, em São Paulo. Gente simpática, conversa agradável.

Durante o trajeto eu me lembrei que já havia usado duas vezes a função de escolher um destino e pensei "o que faço quando eles desembarcarem? Desligo o aplicativo e volto pra casa sem passageiro ou corro o risco de pegar uma viagem para ainda mais longe (eu moro próximo ao centro de Santo André, distante 32 km da Vila Madalena)?". Essa dúvida me ocorreu pois eu estava há onze horas on line e começava a sentir um certo cansaço. Definitivamente, eu precisava e queria voltar para casa.

Ao encerrar a viagem, procurei imaginar o trajeto para Santo André e decidi que voltaria. Mas, e quanto a manter o aplicativo ligado?

Nesse momento eu pensei "se eu confio na tecnologia do aplicativo, quando quero voltar para casa como não vou confiar em Deus?". Então, pedi "Deus, em confio em Ti e peço: me leve pra casa".

Menos de um minuto depois, aparece uma outra chamada de longa duração na tela do celular. Aceito.

Podia ser uma viagem para qualquer lugar, mas Deus, Clemente e Misericordioso, agiu mais uma vez. E lá fui eu ao encontro do Guilherme, passageiro que levei para um bairro em Santo André, a apenas quatro quilômetros de casa.

Deus é mesmo absoluto.